sexta-feira, 7 de abril de 2017

Tríduo Pascal e Semana Santa

O Tríduo Pascal
(Padre Rogério Zenateli)

O Tríduo Pascal trata-se da síntese e o centro da celebração do mistério da Paixão-Morte e Ressurreição de Jesus dentro do Ano Litúrg
ico.

O Tríduo Pascal não deve ser entendido como uma preparação para a Páscoa, como é entendido de modo geral. Ele deve ser compreendido “(...) como sendo o Sagrado Tríduo da morte, sepultura e ressurreição do Senhor” (Beckhauser, 2000. p.206).

Evolução Histórica

A Páscoa era celebrada de forma semana com a Eucaristia dominical. Passou a ser logo celebrada com modo particular anual.

A princípio estava restringida a uma solene vigília pascal na qual os cristãos reviviam o mistério da morte e da ressurreição de Jesus.

Essa vigília se transforma numa vigília batismal. Os catecúmenos eram batizados e os batizados renovavam a aliança batismal. Era compreendido nesta vigília não apenas uma celebração da morte e ressurreição de Jesus, mas, também de todos os cristãos.

Posteriormente, o mistério começa a ser desdobrado em três momentos ou três dias. Na sexta-feira, começando com a véspera, celebra-se a Última Ceia e traição de Jesus, a Paixão e Morte; no Sábado a sua sepultura e na grande Vigília, a sua ressurreição.

Mais tarde, para imitar os acontecimentos de Jerusalém durante a semana, é que surge a Semana Santa. Desde a entrada em Jerusalém até a ressurreição os cristãos imitam os últimos dias de Jesus.

Quando os cristãos começaram a dar mais ênfase aos aspectos externos e marginais: ramo bento do Domingo de Ramos; adoração solene do Santíssimo na Quinta-feira; o beijo do crucificado na Sexta; a benção dos ovos; da casa; das frutas; a malhação do Judas no Sábado, fez com que o sentido do Tríduo Pascal desvalorizasse.

A celebração da Páscoa não está restringido ao Domingo e nem ao Tríduo Pascal, mas, se prolonga por cinquenta dias se encerrando no dia de Pentecostes. Desta forma se encerra o rito anual da Páscoa que fora preparada com os quarenta dias de penitência (Quaresma).

Devoção Popular – Procissões

A Liturgia oficial com o tempo se tornou inatingível à grande massa. Isso fez com que o povo simples celebrasse a Semana Santa e a Paixão-Morte-Sepultura e Ressurreição do Senhor, conforme as suas disposições. Surge a Semana Santa popular com liturgia bela e profunda quando bem compreendida. No Brasil e sobretudo em Minas Gerais, as procissões são a forma de celebrar esses mistérios.

Procissão do Encontro – com o desejo de reviver a Paixão de Cristo, o povo segue os seus passos e, no grande reencontro da humanidade entre si e com Deus, é representado no encontro de Cristo e Maria. “Somente através do sofrimento é que o homem poderá encontrar-se com Deus e com o próximo”. (Beckhauser, 2000. p. 208).

Sermão das Sete Palavras (Sexta-Feira Santa) – rememora-se a crucificação e morte de Jesus, uma celebração da Palavra de Deus marcada com leituras, canto de meditação, homilia e oração.

Procissão do Senhor Morto (Sexta-Feira Santa) – expressão da seriedade da morte de Cristo e do cristão. A caminhada silenciosa dá oportunidade para exprimir nossa solidariedade com Cristo na peregrinação do homem que volta para Deus.]

Procissão do Senhor Ressuscitado (Domingo de Páscoa) – ao romper do dia o povo inicia a procissão do Ressuscitado presente realmente na vida de seu povo pela Eucaristia. Quem participa dos sofrimentos de Cristo, também participa de sua vitória. Em algumas regiões se tem o costume de coroar a imagem de Nossa Senhora a fim de exprimir esse triunfo dos que seguem o Senhor.

Valorizar essas tradições populares serve para renovar a Semana Santa. Pois, nelas encontramos elementos para se dizer do Cristo total. O enfoque não é meramente o sofrimento, mas, a partir dele conhecer toda a realidade da pessoa de Jesus.

Frei Alberto Beckhauser orienta que: “Há muito o que fazer para que esta Vígilia volte a ocupar seu lugar de destaque dentro do Ano Litúrgico e do Tríduo Pascal”. (Beckhauser, 2000. p. 208).

Referência Bibliográfica

BECKHAUSER, Alberto frei, ofm. Celebrar a vida cristã. Formação litúrgica para agentes de Pastoral, Equipe de Liturgia e Grupos de Reflexão. Vozes/Petrópolis, 2000. 9 ed. p. 206-208.

Nenhum comentário:

Postar um comentário