sábado, 15 de abril de 2017

O silêncio do Sepulcro

(Reflexão Final da Procissão do Senhor Morto por Pe. Rogério Zenateli)

No silêncio do sepulcro do Senhor e do seu corpo dilacerado pelo sofrimento que fora contemplado por nós nesta procissão, grita o apelo de uma das palavras de Jesus na cruz: “Tenho sede”.

No seu corpo inerte entregue à sua Mãe faz ressoar o choro compulsivo de tantas mães que tem o corpo de seus filhos em seus braços mortos pela injustiça social. O silêncio da inconformidade grita a sede de justiça.

No sepulcro silencia a dor e o sofrimento que Jesus passara em seu martírio. Testemunha da verdade que anunciara sem medo da morte, o Cristo nos ensina a não abandonar nossas convicções e não se deixa corromper por falsos valores. Não se entrega aos corruptos, mas, luta por uma saciedade de renda que, seja melhor distribuída ao acúmulo de riquezas que desviam a humanidade do bem que deve produzir e compartilhar.

Contemplamos um corpo inerte, chagado e ferido, por acreditar e ser fiel ao projeto de um Pai misericordioso que deseja salvar a todos não pela condenação mas, pelo perdão.

Na morte de Cristo, contemplamos o mistério da ressurreição. É só com o sentido da ressurreição que podemos compreender a entrega de Cristo para a morte. Morte a toda espécie de maldade que torna indigna a vida da humanidade. Morte à toda corrupção e fraudes contra o homem. Morte à toda perseguição àqueles que procuram a verdade contra os sistemas de empobrecimento e miséria humana.

Ressurreição é uma vida nova, continuada na graça de Deus e reverenciada na construção do seu Reino definitivo na terra, meta última de toda a Igreja. Como Igreja contemplamos a morte de Cristo para comemorarmos na ressurreição um novo céu e uma nova terra, um novo homem e uma nova sociedade livres de todos os males.

O sentido profundo de nós estarmos aqui hoje é a nossa fé e nosso desejo de ressurreição, é a nossa sede de vida nova; de uma sociedade mais justa e fraterna; de uma proximidade com o Deus que é solidário com todos nós sofredores das dores desse mundo, na maioria das vezes no silêncio.


Que possamos a partir da experiência da ressurreição, ter voz para silenciar a maldade que, atualmente fere nossa dignidade humana e convívio social.

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