domingo, 30 de abril de 2017

Reconhecer e testemunhar o Cristo Ressuscitado

(por Padre Rogério Zenateli)

O tema do evangelho de Lucas para esse terceiro Domingo da Páscoa, salienta a dificuldade de muitos na comunidade em aceitar a ressurreição de Jesus Cristo. O evangelho não narra fatos do passado, ilumina as d
ificuldades enfrentadas na comunidade.

No texto encontra-se um contraste maior que se dava entre Jerusalém (lugar do testemunho de Jesus) e Emaús (lugar da cegueira e da não compreensão da Páscoa).

Para os discípulos, Jerusalém, é lugar da derrota de Cristo. Por isso retornam a Emaús desanimados – a vida não tem mais sentido.  Ir a Emaús não é somente ir para casa, é abandonar o projeto de Deus.

A cena de Jesus com os discípulos deve ser lida na perspectiva que Jesus que caminha com a humanidade com a energia da sua vitória sobre a morte.

O desânimo dos discípulos revela o estado de ânimo de uma comunidade desorientada, sem força para o testemunho. Porém, é com esse tipo de comunidade que Jesus se põe a caminho.

A comunidade desorientada não havia experimentado a vitória do ressuscitado. Percebe os fatos mas não discerne. Jesus está no caminho com ela mas ela não o reconhece.

Jesus apresenta a essa comunidade desorientada 2 instrumentos que suscitam a fé na ressurreição:

1 - A Bíblia – Jesus Cristo é a chave de leitura do Antigo Testamento, através dele o projeto do Pai tomou forma definitiva no Messias sofredor.

2 - A Eucaristia – a partilha a comunicação da vida. Os olhos dos discípulos se abrem e eles o reconhecem nesses dois meios fundamentais a Sagrada Escritura e a Eucaristia.

Jesus desaparece do meio deles depois da comunidade já possuir os dois sacramentos de sua presença PALAVRA E PARTILHA (Eucaristia) basta viver isso para sentir o Cristo vivo e presente em nosso meio.

O testemunho dos discípulos é prolongamento da vitória de Jesus.

Os discípulos voltam a Jerusalém e de lá sairão para anunciar a mensagem de JC ao mundo inteiro.


Jesus Cristo é a Palavra e o pão partilhados: sem partilha, sem fraternidade e sem a solidariedade estaremos caminhando num rumo que nos afasta do testemunho de Jesus.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

PARA AJUDAR NOSSA ESPIRITUALIDADE

Pe. José Marins
(foto pe. Rogério Zenateli)
(Pe. José Marins)


1.     Quem não encontra a Deus em si, não o encontrará fora. Quem o viu no templo do seu ser, ve-lo-á no templo do universo.

2.    Uma Igreja formada por cristãos que se relacionam com um Jesus mal conhecido, pouco amado e apenas recordado, é uma Igreja que corre o risco de ir-se extinguindo.

3.    É falho buscar a Deus sem preocupar-se por buscar um mundo melhor e mais humano.

4.    Deus se mantem firme no seu amor infinito aos humanos mesmo quando lhe mataram o seu Filho amado.

5.    Nós podemos cansar-nos de pedir perdão. Deus não se cansa de perdoar.

6.    A fé é vital quando faz viver de maneira feliz sã e perfeita – saboreando como Deus é bom. Exclamando como os discípulos em ocasião da transfiguração de Jesus: Que bom estarmos aqui.

7.    É verdadeiramente feliz não quem visita novos países, descobre paisagens desconhecidas ou estabelece novas amizades; mas aquele ou aquela que descobre a novidade que vem de dentro para fora, e não de fora para dentro.

8.    A fé não é uma coleção de sentimentos

9.    Deus nos acompanha. Nos defende e quer sempre o nosso bem. Nunca podemos dizer que estamos só. Dentro de cada um, no mais profundo do nosso ser está Deus nosso salvador.


10. São muitos os medos: ao futuro, à doença, à morte. O medo é mau. Nos causa dano, afoga a vida, paralisa as forças, nos impede caminhar. O que precisamos é confiança, segurança, luz.

sexta-feira, 21 de abril de 2017

O Dízimo e a Comunidade Paroquial.

(por Rogério Peres)

“A decisão de contribuir com o dízimo nasce de um coração agradecido por ter encontrado o Deus da vida e experimentado a beleza de sua presença amorosa no dia a dia.”

Vivemos em mundo capitalista onde qualquer coisa que pensamos em fazer está atrelada ao pagamento ou recebimento através da forma mais usual de negociação: o dinheiro. Sempre que nos deparamos com a palavra Dízimo, automaticamente associamos a ela o tão falado dinheiro, e com isso passamos a associar a Igreja como uma empresa geradora de lucros.
Estamos engajados em uma comunidade, e com isso, precisamos de alguma forma mantê-la, e para isso é de vital importância que o dízimo seja o canal mais correto e válido para essa demonstração de comprometimento com a vida cristã.

Nosso amadurecimento quanto à oferta do dízimo está intrinsicamente ligada a nossa vida paroquial e comunitária, pois quanto mais entendemos os ensinamentos de Cristo e nos aprofundamos nas necessidades das pessoas que estão em nossa volta, nossa oferta se torna mais prática e comum, diante dos desafios enfrentados pelos administradores dessa oferta.


Nossa contribuição familiar através do dízimo, além da manutenção do templo e de suas necessidades, se converte também em amor ao próximo, através de ações sociais que minimizam o sofrimento deste, seja através de um medicamento ou até mesmo as necessidades básicas como o recebimento de uma cesta alimentar.

“Dízimo não se paga, se oferece. Dízimo não se cobra, se recebe.”

Tenha sempre o dízimo como uma contribuição espontânea de amor e generosidade, não encare seu dízimo como uma conta mensal e sim como um oferecimento a Deus e ao próximo, como agradecimento de ser afortunado em sua vida.

Você que já faz parte dessa dimensão de caridade e respeito com o próximo, continue com esse propósito. E você que ainda esta pensando em fazer parte dessa família paroquial, não tenha medo: visite, participe da Santa Missa, converse e se aprofunde em sua comunidade, através de seus membros e pastorais, conheça e se aproxime de nossos padres, somente assim você ofertará de coração aberto e feliz.


Dica de leitura (acesso fácil pela internet): ORIENTAÇÕES PARA A PASTORAL DO DÍZIMO. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. 54ª Assembleia Geral Aparecida - SP, 06 a 15 de abril de 2016.

quinta-feira, 20 de abril de 2017

A Páscoa Cristã

A PÁSCOA CRISTÃ[1]
Rafael Antonio Paixão Soares[2]
Para nossa melhor compreensão do mistério pascal de Cristo e seu memorial, necessitamos voltar nosso olhar para a história da salvação do Antigo Testamento. No centro desta história está o evento fundador que é a passagem do Mar Vermelho. Este evento foi sendo gradualmente preparado por toda a atuação de Moisés e finalmente anunciado profeticamente na última Ceia do Egito. Justamente por seu caráter irrepetível a Ceia remete ao futuro imediato da Libertação do Egito, da qual é prefiguração e, ao mesmo tempo, aponta para o futuro longínquo das gerações vindouras até o fim dos tempos. Desse modo, aqueles que ceavam já viviam a travessia do mar. Contudo, esta ceia tinha também uma dimensão de futuro longínquo, expressa pela ordem de iteração do memorial (zikkaron): “Esse dia será para vocês um memorial, pois nele celebrarão uma festa de Javé. Vocês o celebrarão como um rito permanente, de geração em geração.” (Ex 12,14). Desse modo, o evento fundador da passagem do Mar transportará as gerações futuras a suas raízes nos grandes feitos de Deus.
    A última Ceia de Jesus é localizada pelos Evangelhos sinóticos e se insere numa dinâmica análoga. Assim, o Evento fundador do Novo Testamento, isto é, a passagem de Jesus pelo Mar da Morte e a libertação humana deste poder teve também seu anúncio profético no gesto de Jesus de partir o pão e distribuir o cálice com as palavras que os identificavam com o seu Corpo e do seu Sangue que no dia posterior seriam entregues em prol da salvação humana. Deste modo, como a Ceia judaica remete a um futuro imediato e um futuro longínquo, a Ceia de Cristo remete ao futuro imediato da sua morte e ressurreição e pela interação das palavras “Fazei isto em meu memorial”, Jesus aponta para o futuro longínquo, das gerações vindouras que, pelo sinal do pão e do vinho haveriam participar do mesmo evento fundador.

 Pelo rito instituído na ceia pascal e pela nossa fé somos transportados ao Calvário e ao túmulo vazio do Ressuscitado.  Neste sentido, a Celebração Pascal não é uma mera representação ou uma recordação de um fato passado, mas é nossa participação deste evento fundante de nossa Fé, para o qual somos transportados e tomamos parte de seus frutos, isto é nossa Redenção.


[1] Cf. TABORDA, F. O Memorial da Páscoa do Senhor à luz da Páscoa judaica in: TABORDA, F. O Memorial da Páscoa do Senhor.  2ed.  São Paulo: Loyola,2009
[2]Seminarista da Arquidiocese de Botucatu, realizando Missão Pastoral na Paróquia Santíssimo Sacramento, Ribeirão das Neves-MG

sábado, 15 de abril de 2017

A Luz da Páscoa

No Natal celebramos a luz do nascimento do Senhor. Na noite de hoje, celebramos a Luz da Ressurreição do Senhor, a Páscoa do Senhor Jesus.

Contemplamos dias atrás a Paixão, a Morte e, hoje, a Ressurreição do Senhor. Ressurreição é vida em plenitude. Vida nova brotada da morte do Senhor. A árvore da vida, plantada no alto do Gólgota, a cruz de Cristo, faz germinar para nós, diante do sepulcro vazio, a luz da vida verdadeira à qual todos nós estamos propensos.

A tristeza do Gólgota é vencida pela alegria da ressurreição de Cristo. Aos que se detinham no mal o Gólgota parecia ser uma vitória, a morte do Senhor, agora se transforma em uma derrota. O Senhor Ressuscitou, está vivo entre nós.

O Senhor nos dá vida nova. Acalenta o terror de uma possível derrota e nos devolve a alegria após o sofrimento. A ressurreição de Cristo é um promessa de ressurreição para nós. Esperança da vida plena que Ele veio nos dar.

A noite de hoje representa para a nossa vida cristã uma benção especial da parte de Deus. A vida nova que contemplamos com a ressurreição de Cristo. Vida nova, uma promessa que nos é cumprida com a vivência do Batismo que outrora recebemos.

As leituras enaltece a nossa fé. As figuras de linguagem do evangelho de Mateus estão cheias de teofanias: terremoto, medo, raio, luz, anjos, etc... demonstram que Deus interveio na história e nos transmite uma mensagem teológica: A morte foi vencida! Jesus ressuscitou!

O apóstolo Paulo, salienta que o Batismo nos confere vida nova e, nos lança no mistério da morte de Cristo para com ele ressuscitarmos, e as leituras do Antigo Testamento fala das intervenções de Deus na história para que a vida do homem fosse sempre uma novidade.

Deus nos concede viver o memorial da Páscoa de seu Filho Jesus, promessa de ressurreição a todos. Por isso, vamos deixar de lado o que nos une à maldade. Nos lancemos em direção do Ressuscitado que suportou os escárnios dos malvados e Deus o glorificou.


Acolhamos a vida nova que o Senhor nos oferece com a sua ressurreição e sejamos luz, a luz de Cristo, que dissipa as trevas e afugenta o mal.

O silêncio do Sepulcro

(Reflexão Final da Procissão do Senhor Morto por Pe. Rogério Zenateli)

No silêncio do sepulcro do Senhor e do seu corpo dilacerado pelo sofrimento que fora contemplado por nós nesta procissão, grita o apelo de uma das palavras de Jesus na cruz: “Tenho sede”.

No seu corpo inerte entregue à sua Mãe faz ressoar o choro compulsivo de tantas mães que tem o corpo de seus filhos em seus braços mortos pela injustiça social. O silêncio da inconformidade grita a sede de justiça.

No sepulcro silencia a dor e o sofrimento que Jesus passara em seu martírio. Testemunha da verdade que anunciara sem medo da morte, o Cristo nos ensina a não abandonar nossas convicções e não se deixa corromper por falsos valores. Não se entrega aos corruptos, mas, luta por uma saciedade de renda que, seja melhor distribuída ao acúmulo de riquezas que desviam a humanidade do bem que deve produzir e compartilhar.

Contemplamos um corpo inerte, chagado e ferido, por acreditar e ser fiel ao projeto de um Pai misericordioso que deseja salvar a todos não pela condenação mas, pelo perdão.

Na morte de Cristo, contemplamos o mistério da ressurreição. É só com o sentido da ressurreição que podemos compreender a entrega de Cristo para a morte. Morte a toda espécie de maldade que torna indigna a vida da humanidade. Morte à toda corrupção e fraudes contra o homem. Morte à toda perseguição àqueles que procuram a verdade contra os sistemas de empobrecimento e miséria humana.

Ressurreição é uma vida nova, continuada na graça de Deus e reverenciada na construção do seu Reino definitivo na terra, meta última de toda a Igreja. Como Igreja contemplamos a morte de Cristo para comemorarmos na ressurreição um novo céu e uma nova terra, um novo homem e uma nova sociedade livres de todos os males.

O sentido profundo de nós estarmos aqui hoje é a nossa fé e nosso desejo de ressurreição, é a nossa sede de vida nova; de uma sociedade mais justa e fraterna; de uma proximidade com o Deus que é solidário com todos nós sofredores das dores desse mundo, na maioria das vezes no silêncio.


Que possamos a partir da experiência da ressurreição, ter voz para silenciar a maldade que, atualmente fere nossa dignidade humana e convívio social.

sexta-feira, 14 de abril de 2017

Foi Amor

(Reflexão para a Celebração da Paixão de Jesus na Sexta-Feira Santa por Pe. Rogério Zenateli) 
Foi amor. Assim se define o que Jesus, o Cristo de Deus Pai, em seu itinerário de encarnação e ressurreição realizou pela humanidade.

Jesus salienta não a morte mas, sim a ressurreição: vida que vence a morte! Foi para isso que se encarnou, chegou a sua glorificação.

Homem experimentado na dor, no mais alto grau de sua paixão, como profetiza o profeta Isaias, não tinha aparência humana. Jesus reparte suas riquezas com seus valentes seguidores, entregou seu corpo à morte, contado como um malfeitor, resgatou na verdade, a todos que, numa via de pecados caminhavam e intercedeu em favor de todos.

Em sua vida terrestre dirigiu preces e súplicas com clamor forte e lágrimas àquele que era capaz de livrá-lo da morte e, foi atendido pela sua fidelidade à vontade daquele que o enviou. Ao morrer, Jesus, tornou-se causa de salvação eterna para todos que lhe obedecem.

As razões porque condenaram Jesus à morte, trouxe luz para os corações mais simples e, isso causou o abalo nas pessoas de corações turvos e que detinham o poder em Israel.

Quatro luzes que plenificou a alegria e a esperança dos simples e abalaram os corações de pessoas turvas.

1.   Em Jesus, se revelou um novo rosto de Deus Pai – Guias espirituais do tempo de Jesus, mostra um Deus legislador e juiz rigoroso diferente dos profetas: um Deus que é esposo e pai. O Deus apresentado pelos guias espirituais dos judeus na época de Jesus traz a tristeza e o medo de Deus. Jesus, ensina que devemos ter medo do mal e do pecado, não de Deus. Deus ama os maus e os bons e a Ele devemos nos dirigir com a confiança de uma criança. Para os escribas e fariseus mostrar um Deus assim é blasfemo e a pessoa que faz isso deve ser retirado do povo e morto.

2.   Jesus projetou uma nova luz sobre a religião – Uma religião que produz culto vazio é repudiada por Jesus. Dizia sempre: “Esse povo me louva com os lábios, mas, seu coração está longe de mim”. Jesus rejeita uma religião assim por causa da adesão a Deus e não à uma observância ritualística escrupulosa, repletas de preceitos e disposições, sem contar as práticas externas. Um abuso da fé. Uma religião assim cansa, coloca um peso e insuportável jugo sobre o homem. Jesus propõe um único culto que agrada a Deus: aquele que é prestado em espírito e verdade.

3.   Trouxe uma nova luz sobre a pessoa humana – Todos querem ser grandes no mundo. Na época de Jesus grande era os fariseus, os escribas, mestres da Lei, Herodes e seus filhos, o imperador...eles oprimiam e exploravam o povo. Jesus inverte e considera um homem de sucesso aquele que não vence mas que, perde; não quem domina mas, quem serve; não quem pensa em seu bem-estar e no seu lucro mas, quem se sacrifica pelos outros. Um homem de sucesso é aquele que prefere ser glorificado por Deus do que pelos outros homens e mulheres da terra.

4.   Traz luz para uma nova sociedade – Na atualidade, vivemos em uma sociedade competitiva, se não formos bonitos, inteligentes, ricos, simpáticos, fortes e não termos boa saúde não conseguiremos muita coisa na vida. Jesus lança uma luz sobre essa mentalidade que também estava presente em sua época: aceitar uma criança. A criança era símbolo de quem não tem nenhuma importância, de quem não tem valor e é dependente de alguém, nada produz e apenas consome e possui necessidade de tudo. Jesus ensina que no mundo novo: os carentes passarão da periferia para o centro: a nova sociedade deve ajudar os carentes a crescerem; projetarem e construir a própria vida e não serem dependentes de poderes que corrompem e denigram a pessoa humana e o sistema.

 Para fugir da condenação à morte, Jesus poderia ter ficado calado, em silêncio, porém, sua missão seria um fracasso. Ele preferiu amar acima de tudo a humanidade e toda criação do Pai.

Suas últimas palavras foram: “Pai perdoa-lhes pois não sabem o que fazem” (Lc 23, 34) – Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43) – “Mulher, este é o teu filho. Filho esta é a tua mãe” (Jo 19, 26-27) – “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mc 15, 34) – “Tenho sede” (Jo 19, 28) – “Tudo está consumado” (Jo 19, 30) – “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito” (Lc 23, 46).

Por amor, Jesus serviu a humanidade e por Deus foi glorificado. Não quis a glória e honras dos homens de seu tempo, preferiu antes fazer a vontade de Deus do que as suas. Deus o glorificou pela sua fidelidade e amor. Está decretada a derrota dos que se lançam às forças da maldade. O amor venceu.

Jesus é uma mensagem profunda de amor do Pai à toda a humanidade. 

Referência Bibliográfica
ARMELINI, Pe. Fernando, scj. Celebrando a Palavra: Festas. São Paulo/Ave Maria, 2007. 4 ed. p. 238-247.

sexta-feira, 7 de abril de 2017

Tríduo Pascal e Semana Santa

O Tríduo Pascal
(Padre Rogério Zenateli)

O Tríduo Pascal trata-se da síntese e o centro da celebração do mistério da Paixão-Morte e Ressurreição de Jesus dentro do Ano Litúrg
ico.

O Tríduo Pascal não deve ser entendido como uma preparação para a Páscoa, como é entendido de modo geral. Ele deve ser compreendido “(...) como sendo o Sagrado Tríduo da morte, sepultura e ressurreição do Senhor” (Beckhauser, 2000. p.206).

Evolução Histórica

A Páscoa era celebrada de forma semana com a Eucaristia dominical. Passou a ser logo celebrada com modo particular anual.

A princípio estava restringida a uma solene vigília pascal na qual os cristãos reviviam o mistério da morte e da ressurreição de Jesus.

Essa vigília se transforma numa vigília batismal. Os catecúmenos eram batizados e os batizados renovavam a aliança batismal. Era compreendido nesta vigília não apenas uma celebração da morte e ressurreição de Jesus, mas, também de todos os cristãos.

Posteriormente, o mistério começa a ser desdobrado em três momentos ou três dias. Na sexta-feira, começando com a véspera, celebra-se a Última Ceia e traição de Jesus, a Paixão e Morte; no Sábado a sua sepultura e na grande Vigília, a sua ressurreição.

Mais tarde, para imitar os acontecimentos de Jerusalém durante a semana, é que surge a Semana Santa. Desde a entrada em Jerusalém até a ressurreição os cristãos imitam os últimos dias de Jesus.

Quando os cristãos começaram a dar mais ênfase aos aspectos externos e marginais: ramo bento do Domingo de Ramos; adoração solene do Santíssimo na Quinta-feira; o beijo do crucificado na Sexta; a benção dos ovos; da casa; das frutas; a malhação do Judas no Sábado, fez com que o sentido do Tríduo Pascal desvalorizasse.

A celebração da Páscoa não está restringido ao Domingo e nem ao Tríduo Pascal, mas, se prolonga por cinquenta dias se encerrando no dia de Pentecostes. Desta forma se encerra o rito anual da Páscoa que fora preparada com os quarenta dias de penitência (Quaresma).

Devoção Popular – Procissões

A Liturgia oficial com o tempo se tornou inatingível à grande massa. Isso fez com que o povo simples celebrasse a Semana Santa e a Paixão-Morte-Sepultura e Ressurreição do Senhor, conforme as suas disposições. Surge a Semana Santa popular com liturgia bela e profunda quando bem compreendida. No Brasil e sobretudo em Minas Gerais, as procissões são a forma de celebrar esses mistérios.

Procissão do Encontro – com o desejo de reviver a Paixão de Cristo, o povo segue os seus passos e, no grande reencontro da humanidade entre si e com Deus, é representado no encontro de Cristo e Maria. “Somente através do sofrimento é que o homem poderá encontrar-se com Deus e com o próximo”. (Beckhauser, 2000. p. 208).

Sermão das Sete Palavras (Sexta-Feira Santa) – rememora-se a crucificação e morte de Jesus, uma celebração da Palavra de Deus marcada com leituras, canto de meditação, homilia e oração.

Procissão do Senhor Morto (Sexta-Feira Santa) – expressão da seriedade da morte de Cristo e do cristão. A caminhada silenciosa dá oportunidade para exprimir nossa solidariedade com Cristo na peregrinação do homem que volta para Deus.]

Procissão do Senhor Ressuscitado (Domingo de Páscoa) – ao romper do dia o povo inicia a procissão do Ressuscitado presente realmente na vida de seu povo pela Eucaristia. Quem participa dos sofrimentos de Cristo, também participa de sua vitória. Em algumas regiões se tem o costume de coroar a imagem de Nossa Senhora a fim de exprimir esse triunfo dos que seguem o Senhor.

Valorizar essas tradições populares serve para renovar a Semana Santa. Pois, nelas encontramos elementos para se dizer do Cristo total. O enfoque não é meramente o sofrimento, mas, a partir dele conhecer toda a realidade da pessoa de Jesus.

Frei Alberto Beckhauser orienta que: “Há muito o que fazer para que esta Vígilia volte a ocupar seu lugar de destaque dentro do Ano Litúrgico e do Tríduo Pascal”. (Beckhauser, 2000. p. 208).

Referência Bibliográfica

BECKHAUSER, Alberto frei, ofm. Celebrar a vida cristã. Formação litúrgica para agentes de Pastoral, Equipe de Liturgia e Grupos de Reflexão. Vozes/Petrópolis, 2000. 9 ed. p. 206-208.