sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Quaresma, Jejum, Oração e Penitência, por quê e para quê?

por Padre Rogério Zenateli 
 
Fui perguntado certa vez por uma adolescente sobre o por que da Quaresma ser um tempo de conversão e penitência. O questionamento, no entanto, era fruto de uma convicção que me chamou a atenção. 

A referida adolescente, recém convertida ao cristianismo católico a alguns poucos anos, possuía a convicção de que a conversão e a penitência não deveria acontecer apenas na Quaresma. "Pois é - disse à ela - se todos tivessem a mesma compreensão do que é conversão e penitência, não a faria apenas durante a Quaresma!".

Pois bem, queridos irmãos e irmãs, a Quaresma é um período que nos prepara para a Páscoa (Ressurreição de Cristo). Ela existe, por causa da compreensão do povo diante o mistério da Ressurreição de Cristo ser tão importante que, não poderia ser preparada apenas por uma semana (Semana Santa ou Semana Maior), era preciso ter mais tempo para a compreensão de todo o mistério que envolve o sentido de nossa fé cristã. Por isso, a Igreja estabeleceu o período de 40 dias para prepararmos as comemorações da Ressurreição de Cristo a qual chamamos de Quaresma.

Trata-se de uma maneira catequética e didática de nos preparar bem para, não apenas comemorar, mas, inclusive fazer memória do Sacrificio de Cristo pela salvação/libertação de toda a humanidade.

As práticas quaresmais de jejum, luta contra o mal e oração, faz com que compreendamos a Quaresma também como a renovação da própria vida.

A oração nos dirige a Deus pedindo forças para nos converter e crermos no Evangelho.
A luta contra o mal através da prática da penitência pela abstinência de algum alimento e ou atos, para dominarmos as paixões e o egoísmo.
O jejum como desapego de si e preocupar-se com o bem do próximo. 

Nenhuma dessas práticas acima podem ter efeito, especialmente o Jejum, se ele não saciar a fome do pobre. A promoção do homem todo é a grande mensagem da Ressurreição de Cristo. Sua Paixão, Morte e Ressurreição foram gestos de amor profundo de um Deus para com as suas criaturas e por isso, seu sacrificio é nos libertador. Uma vez que nos liberta das amarras do mal (Oração do Pai Nosso) e do egoismo (deu a sua vida pela nossa).

Deus não quer e não deseja o sofrimento do homem, mas, aceita o seu jejum como forma de amor ao próximo. Há muitos que fazem jejum baseado apenas na estética do seu corpo. Massageando o seu ego, deforma o amor e o equilibrio com que Deus fez todas as coisas. Por isso, desde Jesus, a Igreja ensina uma prática de jejum que ajuda o próximo.

Pensando em um gesto mais humano e solidário, a Igreja no Brasil, pela Conferência Nacional dos Bispos dos Brasil (CNBB), lançou o projeto da Campanha da Fraternidade. A décadas a campanha vem sendo realizada com um cunho social e de promoção humana.

Propõe em um gesto concreto: 1) a reflexão de temas pertinentes ao bem estar social e 2) com o recurso financeiro de doações dos fiéis nas missas do Domingo de Ramos, ajuda a desenvolver programas sociais no país. 

Esse ano em parceria com o Conselho de Igrejas Cristãs (CONIC) a CNBB quer refletir sobre o saneamento básico que vitima cerca de 3 crianças por dia por doenças causadas pelo esgoto a céu aberto nas períferias de muitos Estados brasileiros. Assim como a preocupação com a Ecologia em si. 

As Campanhas da Fraternidade surtiram tanto efeitos positivos na vida dos fiéis no Brasil que não tem como separar Quaresma de Campanha da Fraternidade, elas caminham juntas.

Possamos diante da nossa convicção de fé que não apenas busquemos a conversão e a correção de nossa vida apenas no período quaresmal, mas, o possamos fazer de nossa uma vida uma entrega total a Ele e aos nossos irmãos e irmãs todos os dias de nossa existencia no mundo criado por Deus, nossa casa comum, nosso lar.

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