O Tríduo Pascal
(Padre Rogério Zenateli)
O Tríduo Pascal trata-se da
síntese e o centro da celebração do mistério da Paixão-Morte e Ressurreição de
Jesus dentro do Ano Litúrg
ico.
O Tríduo Pascal não deve ser
entendido como uma preparação para a Páscoa, como é entendido de modo geral.
Ele deve ser compreendido “(...) como sendo o Sagrado Tríduo da morte,
sepultura e ressurreição do Senhor” (Beckhauser, 2000. p.206).
Evolução Histórica
A Páscoa era celebrada de forma
semana com a Eucaristia dominical. Passou a ser logo celebrada com modo
particular anual.
A princípio estava restringida a
uma solene vigília pascal na qual os cristãos reviviam o mistério da morte e da
ressurreição de Jesus.
Essa vigília se transforma numa
vigília batismal. Os catecúmenos eram batizados e os batizados renovavam a
aliança batismal. Era compreendido nesta vigília não apenas uma celebração da
morte e ressurreição de Jesus, mas, também de todos os cristãos.
Posteriormente, o mistério começa
a ser desdobrado em três momentos ou três dias. Na sexta-feira, começando com a
véspera, celebra-se a Última Ceia e traição de Jesus, a Paixão e Morte; no
Sábado a sua sepultura e na grande Vigília, a sua ressurreição.
Mais tarde, para imitar os
acontecimentos de Jerusalém durante a semana, é que surge a Semana Santa. Desde
a entrada em Jerusalém até a ressurreição os cristãos imitam os últimos dias de
Jesus.
Quando os cristãos começaram a
dar mais ênfase aos aspectos externos e marginais: ramo bento do Domingo de
Ramos; adoração solene do Santíssimo na Quinta-feira; o beijo do crucificado na
Sexta; a benção dos ovos; da casa; das frutas; a malhação do Judas no Sábado,
fez com que o sentido do Tríduo Pascal desvalorizasse.
A celebração da Páscoa não está
restringido ao Domingo e nem ao Tríduo Pascal, mas, se prolonga por cinquenta
dias se encerrando no dia de Pentecostes. Desta forma se encerra o rito anual
da Páscoa que fora preparada com os quarenta dias de penitência (Quaresma).
Devoção Popular – Procissões
A Liturgia oficial com o tempo se
tornou inatingível à grande massa. Isso fez com que o povo simples celebrasse a
Semana Santa e a Paixão-Morte-Sepultura e Ressurreição do Senhor, conforme as
suas disposições. Surge a Semana Santa popular com liturgia bela e profunda
quando bem compreendida. No Brasil e sobretudo em Minas Gerais, as procissões
são a forma de celebrar esses mistérios.
Procissão do Encontro – com o desejo de reviver a Paixão de Cristo,
o povo segue os seus passos e, no grande reencontro da humanidade entre si e
com Deus, é representado no encontro de Cristo e Maria. “Somente através do
sofrimento é que o homem poderá encontrar-se com Deus e com o próximo”.
(Beckhauser, 2000. p. 208).
Sermão das Sete Palavras (Sexta-Feira Santa) – rememora-se a
crucificação e morte de Jesus, uma celebração da Palavra de Deus marcada com
leituras, canto de meditação, homilia e oração.
Procissão do Senhor Morto (Sexta-Feira Santa) – expressão da
seriedade da morte de Cristo e do cristão. A caminhada silenciosa dá
oportunidade para exprimir nossa solidariedade com Cristo na peregrinação do
homem que volta para Deus.]
Procissão do Senhor Ressuscitado (Domingo de Páscoa) – ao romper do
dia o povo inicia a procissão do Ressuscitado presente realmente na vida de seu
povo pela Eucaristia. Quem participa dos sofrimentos de Cristo, também
participa de sua vitória. Em algumas regiões se tem o costume de coroar a
imagem de Nossa Senhora a fim de exprimir esse triunfo dos que seguem o Senhor.
Valorizar essas tradições
populares serve para renovar a Semana Santa. Pois, nelas encontramos elementos
para se dizer do Cristo total. O enfoque não é meramente o sofrimento, mas, a
partir dele conhecer toda a realidade da pessoa de Jesus.
Frei Alberto Beckhauser orienta
que: “Há muito o que fazer para que esta Vígilia volte a ocupar seu lugar de destaque
dentro do Ano Litúrgico e do Tríduo Pascal”. (Beckhauser, 2000. p. 208).
Referência Bibliográfica
BECKHAUSER, Alberto frei, ofm.
Celebrar a vida cristã. Formação litúrgica para agentes de Pastoral, Equipe de
Liturgia e Grupos de Reflexão. Vozes/Petrópolis, 2000. 9 ed. p. 206-208.
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