(Reflexão para a Celebração da Paixão de Jesus na Sexta-Feira Santa por Pe. Rogério Zenateli)
Foi amor. Assim se define o que Jesus, o Cristo
de Deus Pai, em seu itinerário de encarnação e ressurreição realizou pela humanidade.
Jesus salienta não a morte mas, sim a ressurreição:
vida que vence a morte! Foi para isso que se encarnou, chegou a sua
glorificação.
Homem experimentado na dor, no mais alto grau de sua
paixão, como profetiza o profeta Isaias, não tinha aparência humana. Jesus
reparte suas riquezas com seus valentes seguidores, entregou seu corpo à morte,
contado como um malfeitor, resgatou na verdade, a todos que, numa via de
pecados caminhavam e intercedeu em favor de todos.
Em sua vida terrestre dirigiu preces e súplicas com
clamor forte e lágrimas àquele que era capaz de livrá-lo da morte e, foi
atendido pela sua fidelidade à vontade daquele que o enviou. Ao morrer, Jesus,
tornou-se causa de salvação eterna para todos que lhe obedecem.
As razões porque condenaram Jesus à morte, trouxe luz
para os corações mais simples e, isso causou o abalo nas pessoas de corações
turvos e que detinham o poder em Israel.
Quatro
luzes que plenificou a alegria e a esperança dos simples e abalaram os corações
de pessoas turvas.
1.
Em Jesus, se revelou um novo rosto de Deus Pai – Guias
espirituais do tempo de Jesus, mostra um Deus legislador e juiz rigoroso
diferente dos profetas: um Deus que é esposo e pai. O Deus apresentado pelos
guias espirituais dos judeus na época de Jesus traz a tristeza e o medo de
Deus. Jesus, ensina que devemos ter medo do mal e do pecado, não de Deus. Deus
ama os maus e os bons e a Ele devemos nos dirigir com a confiança de uma
criança. Para os escribas e fariseus mostrar um Deus assim é blasfemo e a
pessoa que faz isso deve ser retirado do povo e morto.
2.
Jesus projetou uma nova luz sobre a religião – Uma
religião que produz culto vazio é repudiada por Jesus. Dizia sempre: “Esse povo
me louva com os lábios, mas, seu coração está longe de mim”. Jesus rejeita uma
religião assim por causa da adesão a Deus e não à uma observância ritualística
escrupulosa, repletas de preceitos e disposições, sem contar as práticas
externas. Um abuso da fé. Uma religião assim cansa, coloca um peso e
insuportável jugo sobre o homem. Jesus propõe um único culto que agrada a Deus:
aquele que é prestado em espírito e verdade.
3.
Trouxe uma nova luz sobre a pessoa humana – Todos
querem ser grandes no mundo. Na época de Jesus grande era os fariseus, os
escribas, mestres da Lei, Herodes e seus filhos, o imperador...eles oprimiam e
exploravam o povo. Jesus inverte e considera um homem de sucesso aquele que não
vence mas que, perde; não quem domina mas, quem serve; não quem pensa em seu
bem-estar e no seu lucro mas, quem se sacrifica pelos outros. Um homem de
sucesso é aquele que prefere ser glorificado por Deus do que pelos outros
homens e mulheres da terra.
4.
Traz luz para uma nova sociedade – Na atualidade,
vivemos em uma sociedade competitiva, se não formos bonitos, inteligentes,
ricos, simpáticos, fortes e não termos boa saúde não conseguiremos muita coisa
na vida. Jesus lança uma luz sobre essa mentalidade que também estava presente
em sua época: aceitar uma criança. A criança era símbolo de quem não tem
nenhuma importância, de quem não tem valor e é dependente de alguém, nada
produz e apenas consome e possui necessidade de tudo. Jesus ensina que no mundo
novo: os carentes passarão da periferia para o centro: a nova sociedade deve
ajudar os carentes a crescerem; projetarem e construir a própria vida e não
serem dependentes de poderes que corrompem e denigram a pessoa humana e o
sistema.
Para fugir
da condenação à morte, Jesus poderia ter ficado calado, em silêncio, porém, sua
missão seria um fracasso. Ele preferiu amar acima de tudo a humanidade e toda
criação do Pai.
Suas últimas palavras
foram: “Pai perdoa-lhes pois não sabem o que fazem” (Lc 23, 34) – Em verdade eu
te digo: ainda hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23, 43) – “Mulher, este é o
teu filho. Filho esta é a tua mãe” (Jo 19, 26-27) – “Meu Deus, meu Deus, por
que me abandonaste?” (Mc 15, 34) – “Tenho sede” (Jo 19, 28) – “Tudo está
consumado” (Jo 19, 30) – “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito” (Lc 23,
46).
Por amor, Jesus serviu a
humanidade e por Deus foi glorificado. Não quis a glória e honras dos homens de
seu tempo, preferiu antes fazer a vontade de Deus do que as suas. Deus o
glorificou pela sua fidelidade e amor. Está decretada a derrota dos que se
lançam às forças da maldade. O amor venceu.
Jesus é uma mensagem profunda de amor do Pai à
toda a humanidade.
Referência Bibliográfica
ARMELINI, Pe. Fernando, scj. Celebrando a Palavra: Festas. São Paulo/Ave Maria, 2007. 4 ed. p. 238-247.