Por Padre Rogério Zenateli
O homem não pode ficar com o
coração endurecido por muito tempo. Depois de conhecer a Deus e o seu amor, o
homem deve abrir-se a uma crescente comunhão com Deus Pai e seu semelhante.
Deus Pai nos ama e, por isso, precisa
ser correspondido. Esse amor a Deus só é melhor se também amarmos uns aos
outros (1Jo 4, 11-18). O cristão não pode amar simplesmente a Deus e dizer que
está em comunhão com Ele se, não produzir os frutos desse amor: o auxílio aos
demais semelhantes.
Deus Pai amou tanto o mundo
que enviou no tempo oportuno o seu Filho, Jesus, para que todos que n’Ele
cressem fossem salvos.
Jesus é o auxílio de Deus Pai aos
homens por Ele amados. O princípio e o fim. Por isso, a comunhão verdadeira é
realizada na unidade com o divino.
O Evangelista Marcos nos
relata intensamente a humanidade de Jesus que se entrega ao Pai (Mc 6, 45-52).
Na atitude de orar, não só Marcos mas, os demais Evangelistas narram os
constantes momentos de Jesus em oração.
Jesus, estava sempre em
comunhão com o Pai na oração. Modelo de pessoa orante para poder enfrentar as
dificuldades que a vida proporcionaria no rumo de sua missão.
Os discípulos de Jesus ainda
se encontravam com o coração fechado, mesmo o reconhecendo Filho de Deus, o
Messias esperado, ainda não haviam se libertado das antigas propostas egoístas
de um coração humano fechado em si mesmo. Compreensão de toda a plenitude de
Jesus Cristo, só advém a eles após a ressurreição.
No sinal da travessia andando
sobre o mar, Jesus, vem em auxílio de seus discípulos que enfrentam os desafios
de uma pequena barca no grande mar. Retrato de um mundo entregue às ideologias
egoísticas, que querem afundar a barca dos discípulos com uma proposta
contrária.
Expressando a luta entre o bem
e o mal, a cena do evangelho de Marcos, pinta, na tela da vida humana, a
resposta que o homem precisa para vencer o que o oprime na contra mão dos
princípios que acredita. A comunhão com Jesus.
Ele nos ama por primeiro. Nos
conquistou com esse amor. Corresponder a esse amor é se entregar confiantemente
em suas mãos para podermos superar o mar de tormentos que a vida nos apresenta
contra aquilo que acreditamos.
Ele, Jesus, nos ensinou a íntegra
comunhão do homem com Deus Pai, e essa comunhão só é completa quando amamos uns
aos outros. Essa foi a compreensão dos discípulos de Cristo após a sua
ressurreição.
Ele, Jesus, tem o poder de
submeter as forças de ideologias contrárias ao seu projeto de amor. Não ficou
fechado no egoísmo, se abriu à partilha. E mesmo os discípulos ainda presos ao
contrário do que ensinara, ficou em comunhão com o Pai e este lhe dava as
condições para ir em busca de concluir sua missão e não deixar de lado os
princípios que ensinara.
Essa é a lição de Cristo para
todos os que n’Ele creem: coragem para vencer os obstáculos da vida. Coragem é
pautada não na solidão, mas, no amor que Deus tem por nós, no amor que temos
por Ele, e nos impulsiona a nos amar uns aos outros para que seja concluída nossa
missão em unidade com a missão de Cristo Jesus.
A unidade com Cristo é baseada
em nossa oração cotidiana e na ação verdadeiramente eucarística: a de não apenas
recebermos o Corpo e Sangue de Jesus, mas, fazermos comunhão com Ele. Quem come
da sua Carne e bebe de seu Sangue permanece nele e Ele naquele que o recebe.
A coragem na continuidade do seguimento de Jesus
é o princípio ativo para o cristão. Não se fechar em si mesmo, mas, abrir-se ao
projeto divino e nele permanecer. O projeto é a unidade com Deus e os
semelhantes.